Chocolates Pan: saiba o que a levou fabrica a falência
A marca chocolates Pan, criada em 1935 em São Caetano do Sul (SP), foi muito mais do que uma simples fabricante de doces: marcou gerações com inovações como os famosos “cigarrinhos de chocolate”, balas Paulistinha, chocolápis coloridos, moedas e granulado para bolos.
Fundada por Aldo Aliberti e Oswaldo Falchero, a empresa tornou-se referência nacional e chegou a ser líder em faturamento até a década de 1980, com uma produção diária que chegou a 7 toneladas de doces, segundo relatos da comunidade local e antigos colaboradores.
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Crescimento, sucesso e reconhecimento popular
Durante mais de 80 anos, a Chocolates Pan teve forte presença no mercado e no imaginário coletivo. Os cigarrinhos de chocolate, lançados em 1941 e reformulados como “rolinhos de chocolate” nos anos 1990, simbolizavam um dos produtos mais emblemáticos da marca.
As moedinhas de chocolate, os chocolápis coloridos, o pão-de-mel, as balas Paulistinha e o granulado contribuíram para a consolidação da empresa no mercado nacional. Na década de 2000, a companhia lançou o primeiro chocolate diet ao leite do Brasil, ampliando seu portfólio infantil e adulto.
Crise, recuperação judicial e pedido de autofalência
O declínio da Pan culminou no início da década de 2020, quando um plano de recuperação judicial iniciado em março de 2021 não surtiu efeito.
A empresa já acumulava problemas financeiros há anos, mas a pandemia da Covid‑19 teve impacto devastador: reduziu fortemente vendas e escancarou a incapacidade de honrar débitos tributários e trabalhistas, estimados em torno de R$ 260 milhões.
Em fevereiro de 2023, a administração judicial da Pan protocolou pedido formal de troca de recuperação judicial por autofalência ─ ou seja, a própria empresa reconheceu que não tinha condições de permanecer operando, agravada por tributos que vinham sendo deixados de pagar há mais de duas décadas.
A Justiça paulista acolheu o pedido: o juiz Marcello do Amaral Perino decretou a falência, com base na existência de passivo tributário insolúvel (mais de R$ 182 milhões em ICMS e impostos estaduais), além de outros débitos federais, municipais e trabalhistas.
Dos 52 funcionários ainda empregados, muitos nunca receberam suas rescisões.
Impacto econômico e social
A decretação da falência marcou o fim oficial das operações. A fábrica da Pan, no bairro Santa Paula, em São Caetano do Sul, foi lacrada, os maquinários e terreno foram leiloados para pagamento dos credores.
O grupo Cacau Show, através do braço de investimentos CCSH, adquiriu a fábrica por R$ 71 milhões em outubro de 2023, superando em 33% o valor inicial estimado pelo leiloeiro judicial.
Já o portfólio de marcas — cerca de 37 marcas, incluindo os produtos mais conhecidos — foi arrematado por R$ 3,1 milhões em março de 2024 pela Real Solar, de Goianinha (RN), durante leilão judicial.
Os ex-funcionários da Pan sentiram duramente os impactos da falência: muitos não receberam rescisões nem créditos trabalhistas, e a massa falida tinha cerca de R$ 12,3 milhões em dívidas trabalhistas habilitadas até meados de 2023.
Relatos apontam ressentimento e frustração com a falta de pagamentos após décadas de dedicação.
Legado da marca Chocolates Pan
A marca chocolates Pan, apesar de extinta como fabricante, sobrevive como um patrimônio histórico e simbólico.
Embora arrematada por terceiros, há expectativa de reposicionamento mercadológico e eventual retorno ao mercado sob nova gestão.
Estima-se que o valor da marca pode gerar até R$ 51 milhões em faturamento nos próximos anos, com royalties de cerca de 5%.
Entretanto, sua continuidade dependerá do interesse do novo controlador e do sucesso em renovar sua imagem frente a consumidores nostálgicos e novas gerações.
Moradores de São Caetano do Sul lamentam muito a perda: a antiga rotina e o aroma de chocolate na vizinhança desapareceram, e a fábrica hoje está abandonada, pichada e sem uso definido.
Rumores indicam propostas de transformar o local em museu ou espaço cultural, mas nada é oficial até o momento.
Conclusão a falência da fábrica de Chocolates Pan
O caso dos chocolates Pan é uma lição clássica sobre como impasses tributários acumulados, má gestão e eventos imprevistos (como uma pandemia) podem levar à ruína até de marcas centenárias.
O término das atividades em 2023 encerra quase 90 anos de história.
Apesar de vendas judiciais da marca e da fábrica, o futuro do legado da Pan depende de novos projetos que ressignifiquem o nome e tragam de volta não apenas os produtos, mas o carinho dos consumidores que cresceram com essa marca.
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